O que é que têm de extraordinário estas casas pré-fabricadas? Enquanto aquelas que normalmente circulam neste negócio são feitas em madeira, estas são fabricadas em granito, ou melhor, são revestidas com uma parede de granito, de 20 centímetros de espessura, aplicada sobre uma estrutura em ferro e com os interiores em pladur. A tipologia base é o T2: dois quartos, uma sala, cozinha mobilada e equipada, casa de banho e todas as infra-estruturas necessárias à sua implantação no terreno que lhe for destinado. "Mas é tudo uma questão de combinar e de negociar as características da casa", diz Jorge Brito, o jovem relações públicas da empresa, explicando que os acabamentos mais ou menos sofisticados (tecto em masseira, mobiliário, ar condicionado...) dependerão também do interesse do cliente.
O P2 mostrou a Álvaro Siza Vieira fotografias destas casas, cuja existência ele desconhecia. O arquitecto começou por salientar a contradição existente na "ideia de uma casa pré-fabricada em granito", um material não muito propício ao transporte. Quanto à estética, diz que ela pode trazer algumas "vantagens, na medida em que pode ser menos agressiva para a paisagem do que muito do que agora se faz" no Norte de Portugal.
Já o investigador e crítico de arquitectura Ricardo Carvalho vê nesta situação a possibilidade de novos equívocos do ponto de vista arquitectónico e paisagístico. "É, primeiro que tudo, uma estética de fingimento, porque as casas não são integralmente construídas em granito, como na arquitectura artesanal milenar da região", diz o crítico, ressalvando, contudo, não ter nenhum preconceito contra a iniciativa empresarial em causa. "É óptimo que os empresários portugueses utilizem esses materiais", nota. Mas Ricardo Carvalho tem dúvidas sobre o seu efeito na paisagem.
Até porque "o Norte de Portugal está cheio de situações e citações equívocas, como as de se fazerem actualmente solares como se fossem do século XVIII". Admite, no entanto, que esta nova estratégia construtiva possa vir a motivar, por parte de arquitectos que eventualmente venham a ser convidados a trabalhar nesse novo suporte, "uma reflexão sobre a intervenção destes simulacros das casas tradicionais no território".
Siza Vieira também pensa que é preciso esperar para ver "como é que o mercado reage a isto". "É evidente que para quem acredita na arquitectura como autenticidade, isto falha", diz o arquitecto da Escola do Porto. Mas admite que estas novas casas pré-fabricadas possam trazer novos hábitos de demarcação do território, referindo-se, por exemplo, à "tradição americana de instalação das casas na paisagem como um todo", sem a separação com os muros, tão característica das propriedades no Norte de Portugal.
in Público
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O P2 mostrou a Álvaro Siza Vieira fotografias destas casas, cuja existência ele desconhecia. O arquitecto começou por salientar a contradição existente na "ideia de uma casa pré-fabricada em granito", um material não muito propício ao transporte. Quanto à estética, diz que ela pode trazer algumas "vantagens, na medida em que pode ser menos agressiva para a paisagem do que muito do que agora se faz" no Norte de Portugal.
Já o investigador e crítico de arquitectura Ricardo Carvalho vê nesta situação a possibilidade de novos equívocos do ponto de vista arquitectónico e paisagístico. "É, primeiro que tudo, uma estética de fingimento, porque as casas não são integralmente construídas em granito, como na arquitectura artesanal milenar da região", diz o crítico, ressalvando, contudo, não ter nenhum preconceito contra a iniciativa empresarial em causa. "É óptimo que os empresários portugueses utilizem esses materiais", nota. Mas Ricardo Carvalho tem dúvidas sobre o seu efeito na paisagem.
Até porque "o Norte de Portugal está cheio de situações e citações equívocas, como as de se fazerem actualmente solares como se fossem do século XVIII". Admite, no entanto, que esta nova estratégia construtiva possa vir a motivar, por parte de arquitectos que eventualmente venham a ser convidados a trabalhar nesse novo suporte, "uma reflexão sobre a intervenção destes simulacros das casas tradicionais no território".
Siza Vieira também pensa que é preciso esperar para ver "como é que o mercado reage a isto". "É evidente que para quem acredita na arquitectura como autenticidade, isto falha", diz o arquitecto da Escola do Porto. Mas admite que estas novas casas pré-fabricadas possam trazer novos hábitos de demarcação do território, referindo-se, por exemplo, à "tradição americana de instalação das casas na paisagem como um todo", sem a separação com os muros, tão característica das propriedades no Norte de Portugal.
in Público